Brasileiras Encontram Satisfação Sexual em Seus Parceiros e Amantes
9 junho, 2025
Uma pesquisa recente no Brasil realizada pelo app de relacionamento não monogâmico Gleeden ouviu, de forma inédita, 1.500 usuárias da rede e também 945 pessoas do público em geral. Apesar de ser uma amostragem reduzida, a pesquisa traz insights preciosos e atuais para compreendermos como anda o prazer sexual das brasileiras.
Uma das coisas que chama a atenção é que os usuários Gleeden, tanto homens quanto mulheres, relatam encontrar satisfação sexual em parceiros e amantes, quase que na mesma proporção.
Vale lembrar que, enquanto usuário de um app não monogâmico, as pessoas que responderam a esse questionário tem um perfil de quebrar tabus sexuais. Isso resulta em maior honestidade na hora de responder perguntas que a população em geral prefere evitar. O que pode significar que a porcentagem da população geral nessa resposta, na realidade, pode estar mais próxima a dos usuários Gleeden.
Outro insight importantíssimo nessa pergunta é a porcentagem de pessoas que responderam encontrar satisfação sexual em um relacionamento aberto. Esse dado corrobora aquilo que tantos adeptos de NMC vivem dizendo: ninguém abre o relacionamento por causa do sexo. Isso é um dos grandes mitos que esta pesquisa ajuda a quebrar, pois tanto homens quanto mulheres, seja usuário de uma rede não monogâmica ou da população geral, não encontram satisfação sexual abrindo a relação.
A psicanalista Maria Homem diz que “uma relação aberta de fato é manter um relacionamento com o seu parceiro e com tudo o mais que te interessa no mundo. Essa é a real relação aberta. Aquela que você não se engana quanto ao seu próprio desejo. E você, ao mesmo tempo, pode estar conectado consigo, com aquele com quem você fez um pacto e com todas as outras figuras interessantes. Para que você entre cada vez mais na sua potencialidade, naquilo que te faz existir.”
Em minha prática clinica e vivência NMC, digo que ter uma relação aberta é como ter que discutir a relação toda semana. Essa comunicação franca e frequente ajuda a promover relacionamentos mais reais e não apenas “de fachada”.
Não Monogamia no DNA
9 junho, 2025
No livro Polysecure, Jessica Fern, psicóloga que atende pessoas não monogâmicas consensuais, explica que um dos fatores pelos quais as pessoas entram em relacionamentos NMC é a orientação para não monogamia. Eu chamo de orientação relacional, pois assim como os indivíduos são orientados sexualmente para um ou outro gênero (heterossexual, homossexual, bissexual, etc.) está cada vez mais claro que há, também, uma orientação para um ou outro tipo de relacionamento (monogamia, relacionamento aberto, etc).
A recente abertura social para discussão – e aceitação – da existência de outros formatos relacionais além da monogamia tem sido essencial para tirar da marginalidade este e outros temas relacionados à sexualidade. Falar sobre relações sexuais sem compromisso, extraconjugais ou com mais de duas pessoas ao mesmo tempo já não é algo totalmente reprovável, ainda que encontre resistência de determinados grupos (geralmente ligados à religião ou política com traços extremistas).
Questão de Genética
É bem possível que muitas pessoas sintam que “não tem escolha”, ou uma espécie de “impulso incontrolável” quando se trata de variedade sexual. Diversos pacientes meus relatam sentir grande emoção, muita vontade e sensação agradável na conquista e consequente atividade sexual com pessoas que não são seus parceiros “oficiais”. Essa sensação pode ser explicada pela genética.
Há estudos que mostram relação entre o gene DRD4 e o comportamento de busca de sensações, incluindo migração e busca de novidades, com influencia na excitação fisiológica, no prazer e na recompensa intrínseca. Um estudo de 2009 traz os seguintes conceitos:
Promiscuidade = relação sexual sem compromisso
Infidelidade = qualquer atividade sexual física com um indivíduo diferente do parceiro atual de relacionamento comprometido autoidentificado (ou seja, “traição”)
Nós diferenciamos conceitualmente a monogamia sexual (genética) da monogamia social (vínculo de casal) e, como tal, reconhecemos que a infidelidade é uma instância particular de sexo sem compromisso, onde um indivíduo está tradicionalmente comprometido, porém, não com um parceiro com quem está se envolvendo em atividade sexual.
Garcia JR, MacKillop J, Aller EL, Merriwether AM, Wilson DS, Lum JK (2010) Associações entre a variação do gene do receptor D4 da dopamina com infidelidade e promiscuidade sexual. PLoS ONE 5(11): e14162. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0014162
Os pesquisadores descobriram que indivíduos com esta variação genética (DRD4 VNTR 7+) tinham uma tendência maior à infidelidade (qualquer atividade sexual com outra pessoa além do parceiro principal). A motivação parece vir da forma como o cérebro processa a dopamina, neurotransmissor ligado ao sistema de recompensas. É como se, durante a traição, eles recebessem uma descarga maior de prazer. Pessoas com esse gene podem se sentir felizes em um relacionamento sério, mas ao mesmo tempo podem ter uma vontade quase incontrolável de fazer sexo com outras pessoas.
Ou seja, a motivação para se envolver em experiências sexuais extra-relacionais (infidelidade) ou atividades sexuais promíscuas (casos de uma noite) pode permanecer desconectada de qualquer motivação para apego e comprometimento, mesmo na presença de fortes vínculos de casal existentes.
Mas não só genética
Apesar dessa descoberta é importante lembrar que os resultados comportamentais examinados são probabilísticos e de forma alguma determinísticos. Ou seja, essas descobertas sugerem taxas e instâncias mais altas dos comportamentos avaliados, mas não que todos os indivíduos que são 7R+ ou 7R- necessariamente exibirão os resultados comportamentais associados a cada genótipo. Afinal de contas, o ser humanos é único e também recebe influência do ambiente e da cultura à qual se encontra inserido.
Um outro estudo de 2014 da Universidade de Queensland mostra que o comportamento de variedade sexual em 63% dos homens e 40% das mulheres podem ser atribuídos à herança genética. O coordenador do estudo Brendan Zietsch explica que foram analisados mais de 7 mil pares de gêmeos na Finlândia, todos em relacionamentos estáveis.
“Nossa pesquisa mostra que a genética influencia a possibilidade de pessoas fazerem sexo com parceiros fora de seu relacionamento”.
Brendan Zietsch
Seria interessante analisar como a dopamina age no cérebro de indivíduos em relações NMC onde o sexo com outras pessoas é consensual. Haveria a mesma descarga dopaminérgica? Ou o consentimento configuraria normatização social da “infidelidade” fazendo com que os níveis de dopamina permaneçam estáveis? Sendo assim, pessoas NMC ainda procurariam trair seus parceiros em busca de mais dopamina para suprir os receptores genéticos? Não temos essas respostas ainda, quem sabe um dia…
Marina Roty
Liberdade Afetiva: O Que É e Como Viver Relações Mais Autênticas
9 junho, 2025
A liberdade afetiva é um conceito que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões sobre relacionamentos e sexualidade. Mas o que significa, na prática, viver essa liberdade? Como construir conexões autênticas sem amarras impostas por padrões tradicionais é um dos grandes desafios das relações atuais.
O Que É Liberdade Afetiva?
Liberdade afetiva é a capacidade de viver e expressar os sentimentos de maneira genuína, sem a necessidade de enquadrá-los em modelos pré-estabelecidos. Diferente do conceito de relacionamento aberto ou poliamor, a liberdade afetiva é mais ampla e foca na autonomia emocional e no respeito à individualidade de cada pessoa envolvida.
Princípios da Liberdade Afetiva
Autenticidade – Ser sincero com seus sentimentos e desejos.
Comunicação Transparente – Expressar emoções e expectativas sem medo.
Consentimento e Respeito – Garantir que todas as partes estejam confortáveis com os acordos.
Autonomia e Individualidade – Valorizar o crescimento pessoal dentro das relações.
Como Praticar a Liberdade Afetiva?
1. Desconstruindo Crenças Limitantes
Muitos de nós fomos ensinados que amor e posse andam juntos. Para viver a liberdade afetiva, é essencial reestruturar a ideia de que o relacionamento precisa ser baseado no controle e na exclusividade.
2. Estabelecendo Acordos Claros
Não se trata de “cada um faz o que quer”, mas sim de criar um espaço de segurança onde todas as partes sintam um bem estar mais adequado a cada realidade. Conversar abertamente sobre limites, desejos e necessidades é fundamental.
3. Desenvolvendo Inteligência Emocional
Sentir ciúmes ou insegurança é normal, mas saber lidar com essas emoções de forma saudável é o que diferencia uma relação baseada no medo de uma relação baseada na confiança.
4. Priorizando o Autocuidado
A liberdade afetiva também envolve estar bem consigo mesmo. Praticar o autocuidado físico e emocional permite construir relações mais equilibradas.
Benefícios da Liberdade Afetiva
Relações mais leves e espontâneas
Maior confiança entre os parceiros
Crescimento pessoal e amadurecimento emocional
Redução de conflitos baseados em inseguranças
Liberdade Afetiva e a Não Monogamia
A liberdade afetiva muitas vezes é associada à não monogamia consensual, mas pode ser vivida também em relações monogâmicas. O foco principal é construir laços baseados na autonomia e no respeito às necessidades emocionais individuais.
Conclusão
Viver a liberdade afetiva é um processo de autoconhecimento e comunicação. Mais do que um estilo de relacionamento, é uma filosofia de vida que permite conexões mais verdadeiras e saudáveis.
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